Existem pessoas que têm pavor de obra, principalmente quando se mora dentro do ambiente em reforma. Faz sentido, afinal, durante o trabalho, é preciso conviver com a desordem e a poeira.
Particularmente, não me incomodo. Eu gosto de mudanças. Para mim, pintar uma parede, reformar um móvel, criar um jardim, trocar uma cortina, pintar azulejos, trocar o piso da casa, tudo isso me alegra interiormente, pois me dá a sensação de que estou andando, caminhando, seguindo em frente, evoluindo e, é claro, deixando para trás o que já passou.
Parece loucura, mas uma reforma em casa é algo muito simbólico pra mim. Eu sou assim.
Eu gosto até de mudança, por incrível que pareça. Mudança dá muito trabalho, entretanto, quer você queira ou não, ao encaixotar os objetos para transportá-los, você acaba olhando para eles, sentindo-os, percebendo-os. São memórias que regressam, boas e ruins, de fato, mas na nossa vida o que não nos matou até agora, certamente só nos tornou mais fortes. Lembrar é bom, fortalece.
Durante a mudança, ao percebermos os móveis, as louças, roupas e calçados, discos e livros, quadros, tapetes, revisitamos as coisas, com um outro olhar e, não raro, deixamos algumas delas na antiga casa. Talvez aquilo não faça mais sentido na nossa vida, não combine com a nova decoração, ou até descobrimos que nunca, em tempo algum, aquilo nos foi necessário, talvez fora comprado num impulso de consumo e ficara guardado por puro apego material.
Assim como mudanças e reformas, em adoro abrir e olhar para os meus armários. E sempre, sempre descubro a mesma coisa: que eu tenho muito mais do que o necessário para viver, embora eu não tenha dinheiro sobrando e viva uma vida simples.
Estamos fazendo mais uma pequena reforma em casa. Eu moro em uma casa boa e simples, em um bairro de classe média baixa, de gente trabalhadora, no centro da cidade de São Gonçalo, RJ. Esta casa data dos anos 50. Ela teve uma grande reforma nos anos 70 e está com o estilo setentinha até hoje (eu adoro isso). Em breve eu vou mostrar as pastilhas da fachada, o arco da varanda, o ladrilho. Meus pais compraram esta casa nos anos 80 e fizeram outras reformas, mas sem descaracterizá-la. Nos anos 90 e 2000 ela teve algumas pinturas. Desde que vim morar aqui, comecei a consertar alguns itens necessários: marido e eu fizemos uma reforma na parte elétrica e alguns consertos na parte hidráulica. A casa tinha fossa e caixa de gordura antigas, que foram trocadas por novas (no caso da fossa, esqueci o nome do tubo que o pedreiro colocou, é algo moderno). Fizemos um muro, restauramos o quintal, construímos um jardim, fizemos até uma nova calçada. Até o telhado precisava de reformas. E ainda falta muita coisa!
Recentemente resolvemos pintar a sala e o corredor. É mais uma etapa do planejamento. Queríamos uma cor clara, leve, mas não o branco. Então optamos por um verdinho bem claro, tipo "verde erva doce" (posso até olhar na lata e ver o nome certinho da cor). Compramos uma tinta excelente da Sherwin Williams, que cobre bem, seca rápido, tem bom rendimento e não tem cheiro.
Esta mesinha foi feita pelo meu padrasto e será, em breve, vermelha. A luminária será trocada.
Meu marido ficou super nervoso com a reforma. A parede precisava de massa, lixa, pra depois receber a tinta. Por causa da umidade, havia buracos em alguns pontos do reboco. Em um trecho no canto da sala, o pintor teve até de refazer o emboço. Faz bagunça sim, faz poeira sim. Depois fica tudo novinho e lindo, pronto para uma nova decoração.
Para mim a reforma é extremamente excitante. É um jeito de melhorar o ambiente em que vivo, onde passo meus melhores momentos, onde recebo as pessoas que amo, onde leio, cozinho, vejo tevê, escrevo, brinco com meu cachorro, cuido das minhas plantas, onde passo boa parte do meu tempo. Minha casa é onde me sinto segura, onde me abrigo da chuva e do sol escaldante. É o lugar para onde volto: meu lar, o meu aconchego, o meu porto seguro.
Eu AMAVA a composição de quadrinhos desta parede, mas, com a pintura, tive de retirá-los. Estou querendo aproveitar alguns.
Alguns cantinhos já estão sendo arrumados. Eu demoro um pouco para decorar porque fico pensando, buscando inspirações em revistas e blogues, adequando ao espaço as coisas que eu já tenho, faço desenhos no papel, reciclo objetos.
É como recomeçar, é seguir em frente, é cuidar de si mesma, eu sinto assim. Decoração tem que ter a minha cara, não uma cara de loja. Nossa casa tem de ter impressa a nossa personalidade.
Se você entrar aqui, certamente vai saber: aqui mora gente que ama livros, gente que adora cinema, gente que ouve Beatles e música clássica, gente que admira Arte, gente que reza e preza pela simplicidade.
Ainda estou naquela fase de estudar, experimentar, testar possibilidades, tudo sem perder a personalidade. Estou testando uma parede de divinos, uma parede de espelhinhos. Já falei outras vezes da minha casa aqui no Casinha Bonitinha, agora vou falar mais ainda. Semana que vem tem uma pequena reforma no meu quarto. Meu marido vai enlouquecer, rsrsrs.
Porque o melhor lugar do mundo é a nossa casa. Eu acredito nisso, de verdade.
Este post NÃO É um publieditorial.