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Comprar, por quê?

Tenho refletido muito sobre o consumo.
Recentemente comprei um bom relógio, meio caro, parcelei e tal... E fiquei pensando.
Não sei o que anda acontecendo comigo, mas sinto-me privilegiada neste mundo onde cerca de 1 bilhão de pessoas passa fome (dados recentes da ONU) por poder comprar um relógio bacana. E, se privilegiada, sinto-me culpada também, ao imaginar quantas pessoas seriam alimentadas com esse dinheiro do relógio.
Que Deus me perdoe, porque trabalho muito e graças a Ele tenho saúde para trabalhar, tenho emprego e posso pagar pelo relógio que, no momento, é necessário.
Entretanto, ando numa "vibe" de sempre me perguntar por que comprar, para que comprar. Ou seja, questionar a função do objeto adquirido. Com isso deixei de comprar uma bolsa preta e outra mostarda, com preços excelentes, porque eu sei que não preciso delas. Elas apenas iriam compôr um look ou outro na hora de sair.
A sociedade de consumo é cruel. Temos a ilusão de que comprando, estamos adquirindo uma certa paz, um status de poder, comprar parece aliviar tensões, quando, na verdade, estamos APENAS comprando.
Quero uma vida mais simples, eu realmente busco isso. Ultimamente o que tem me atraído é cultura. Não consigo ficar mais de uma semana sem ir a uma boa livraria, um cinema, nem mais de um mês sem uma boa exposição. A cultura alimenta a alma, enriquece de verdade.
Dia desses conversando com umas colegas na escola eu disse que tinha um "vestidinho preto indefectível". Porque aquele vestido é básico e sabe-se lá a quantas festas e casamentos já fui com ele, trocando apenas os lenços, sapatos, sandálias, brincos, colares, boleros ou echarpes. E ninguém percebe que é o mesmo vestido!
Tenho celular bacana, máquina digital, laptop, como todo o mundo, e pensei, há cerca de um mês, em comprar um tablet. Está bem... "a qualidade da foto é assim", "o programa X é melhor", "tem mais memória"... São inúmeras as desculpas inventadas pelo Marketing para vender um produto. Precisamos estar atentos. E como eu sou atenta, por que vou comprar um tablet, cujas funções estão no meu celular? Para que o bendito tablet, se meu note me permite fazer o que mais gosto e preciso: escrever? Será que preciso do tablet? Ou ia comprá-lo apenas pelo fetiche?
Acho que uma casa mais enxuta, um armário ou sapateira mais enxutos, uma vida mais enxuta realmente me faria mais feliz no momento. Só não abro mão da Arte, de jeito nenhum. Sem ela, seria impossível viver neste mundo que coisifica tudo, transforma tudo e todos em mercadoria.
Com isso, meu olhar para a decoração mudou. Quando abro sites, compro revistas, vou a lojas do tema, sempre me atrai o mais simples, o sustentável, o reaproveitado, o antigo, o que tem memória, o que traz lembranças, o que tem história. 
E escolhi algumas lindas imagens para vocês no post de hoje. Para que vejam como há beleza na simplicidade.












Agora me diz, pra que mais?

Besitos

Flavia



Imagens: Pinterest

12 comentários:

  1. Flavinha, adorei seu post.
    Musiquinha de criança, mas....
    "Eu uso o necessário
    Somente o necessário
    O extraordinário é demais
    Eu digo necessário
    Somente o necessário
    Por isso é que essa vida eu vivo em paz"
    bjs

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  2. Flavia, belíssimo post.
    Hoje a sociedade é refém do consumo desenfreado...se você não tem determinadas coisas, alguns te julgam por isso.
    é a febre da tecnologia, do "Eu tenho", "Instagram", etc etc.
    Para tirar fotos no Instagram, por exemplo, é preciso ter um smartphone ou tablet moderno, de última geração.
    E eu não tenho sabe...
    Dá vontade? Às vezes...Mas temos tantas preocupações, urgências, que isso para mim é supérfluo.
    Tenho me visto assim também, em relação a Decoração: o que faz meus olhos brilharem são coisas repaginadas, móveis mais antigos, reciclados.Coisas feitas à mão, costurinhas...e dá vontade de fazer! Isso é o que é mais legal!
    Hoje eu penso em começar a aproveitar coisas que antes descartaria, apenas para comprar algo novo.
    Beijos

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  3. Concordo com você.É preciso estar atenta para saber quando compramos porque necessitamos ou porque simplesmente queremos comprar.

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  4. Já fui extremamente consumista. Comprava porque sentia que faltava algo, sabe?
    A gente compra para compensar o que está descompensado.
    Hoje penso muito diferente e aprendi muito! Não sou pão dura, mas penso mil vezes antes de comprar alguma coisa "por prazer".
    Só compro o que realmente me é útil.
    Minha casa não é mais cheia de coisas, meus armários também não.
    A gente vai aprendendo que menos é sempre mais.

    Um beijo e bom feriado

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  5. Amada amiga, concordo contigo em gênero número e grau, as fotos daqui do serviço não consigo olhar, mas vi no face, lá não está bloqueado prá mim e amo tuas escolhas. Quanto a simplicidade, eu sou totalmente a favor dessa reflexão, é tanto bombardeio de mensagens para o consumo desenfreado, que saber disso e nos segurar o máximo que pudermos, nos fará muito felizes, com certeza. Amei o post, muito bem escrito e oportuno. bjos Flavinha.

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  6. Ei Flavinha, adorei seu post, verdadeiro. Há 07 anos, eu, meu marido, minha mãe e meu pai resolvemos dar uma banana para a vida que os outros acham que vc tem que ter, saímos de nossa terra natal e mudamos para uma cidade 04 x menor, uma típica cidade interiorana, trocamos as saídas de carro por pedaladas de bike, trocamos a academia por caminhar na beira do lago da cidade e fazer natação ao ar livre. Trocamos as "tendências" por roupas repaginadas e de liquidação, trocamos os encontros banais por livros, dvds, filmes e revistas. Entrei em um curso de designer de interiores para poder adquirir conhecimento, terminei a reforma da minha casa e estou redecorando somente reaproveitando, sem comprar nada, apenas restaurando tudo que já tenho, cada cantinho em minha casa tem uma obra que criamos e confeccionamos. Somos em 04, apenas um celular, um computador, uma maquina digital e um carro. Para que mais????? Não precisa, pois com tudo isto que temos, ainda sobra tempo para sentarmos os 04 na varanda, jogar conversa fora, rir e sentir um ao outro. Bjins doces. Marcinha Rocha

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  7. Oi Flavia boa noite!!
    Menina vc não imagina o quanto me identifiquei com esse post. Adorei, e assim como vc tenho refletido muito sobre compras. Há uns tempos atrás eu era compulsiva por compras e confesso que foi com a ajuda do meu marido que estou conseguindo me controlar. Não foi fácil, mas já mudei muito. Hoje penso duas vezes antes de comprar algo.
    bjos e fique com Deus,
    Marlene

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  8. Parabéns pelo post me ajuda a repensar o meu consumismo.

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  9. Flavia, você nem imagina o trabalhão que dá educar uma criança hoje em dia livre do consumismo, numa sociedade onde o consumismo é a base :(
    Mas a sua reflexão é muito válida, se tudo o que a gente for comprar, a gente parasse para pensar: "será que preciso mesmo disso?" já seria um ótimo começo :)
    Adorei as imagens, porque a minha paixão por vintage, me faz gostar de tudo o que é velhinho, gasto, que tem história, portanto esse tipo de decoração é sempre bem vinda aqui em casa, rsrs
    bjs e bom Domingo pra vc

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  10. Flávia
    Conheci seu blog por acaso e me identifiquei com o nome, me apronfundando nele, com o post.
    Trata-se da mais pura verdade, como os valores dos seres humanos estão sendo trocados por compras, se está feliz, compre, se está triste compre. A televisão bombardeia com propagandas o tempo inteiro.
    Eu em minha casa, estou adotando exatamente o que é o mais simples, como você amo uma casinha bonitinha e para isso faço quase tudo!!
    Agora vou continuar passeando por aqui.
    Beijos
    Thais

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  11. Menos é sempre mais, como referiu tão bem a Fabiana! Na minha casa não gosto de ver muitos objectos espalhadas, gostos de simplicidade
    Prefiro ter pouco mas o que ter ser de qualidade. passam-se muitos meses até comparar aquela peça que eu preciso.
    Como disse no final do seu texto, há beleza na simplicidade. Por vezes temos tudo em casa para criar um lindo ambiente, é só procurar... Gostei das suas imagens, sobretudo da 2ª e da última. Transmitem-me paz. Bjos

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  12. Flavinha, já fui extremamente consumista.
    Hoje sou quase pão dura, ainda mais vivendo aqui na Europa.
    Aqui as pessoas saem de chinelo na rua, de bermudão, andam a pé, vão na feira, pegam ônibus e ninguém sabe da vida de ninguém.
    Eu quando me mudei há quase quatro anos, trouxe na mala o necessário, o básico.
    Aí, que me atentei quanta coisa eu tinha que nem usava, metade do meu armário, das louças, roupas de cama em exagero, revistas, etc...doei tudo no Brasil.
    Foi de verdade um alívio na bagagem da viagem e da minha vida.
    Post muito bom , prá refletir e priorizar o que realmente é importante.
    Tem muita gente que vive de status , com armários cheios e são pessoas vazias por dentro.
    Besitos

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